Discussão e Divergência:

Não se trata de vencer ou perder.

Como encontrar a melhor estratégia?
No trabalho e na Vida

Diante deste tema, posso afirmar que há apenas um caminho para conseguir o melhor numa discussão — é correr dela, correr como você correria de uma cobra ou de uma chuva extremamente forte. Nove vezes em dez, uma discussão termina com cada um dos contestantes convencido, mais firmemente do que nunca, de que está absolutamente certo. Você não pode vencer uma discussão. Não pode porque, se perder, perdeu mesmo, e, se ganhar, também perdeu. Por quê? Bem, suponha que triunfou sobre uma outra pessoa e arrasou seus argumentos cheios de pontos fracos e provou que ele perdeu. O que acontece? Você o fez sentir-se inferior. Você lhe feriu o amor-próprio. E ressentirá seu triunfo: “Um homem convencido contra a vontade, conserva sempre a opinião anterior”.
Buda dizia: “Ódio nunca termina por ódio, mas por amor”, e um mal-entendido nunca termina pela discussão, mas pela tática, diplomacia, conciliação e um desejo simpático de ver o ponto de vista da outra pessoa.

Num artigo de “Bits and Pieces” (Bocados e Pedaços), apareceram algumas sugestões para se impedir que uma divergência se transforme numa discussão:

1. Acolha a divergência! Lembre-se do lema: “quando dois sócios concordam sempre, um deles é desnecessário”. Se existe alguma questão sobre a qual você não havia pensado antes, agradeça se alguém chamar a sua atenção para ela. Talvez essa discordância seja sua oportunidade de se corrigir antes de cometer um erro grave.

2. Desconfie de sua primeira impressão instintiva! Nossa primeira reação espontânea numa situação desagradável é de nos colocarmos na defensiva. Seja cuidadoso. Mantenha a calma e preste atenção à sua primeira reação. Talvez seja o que há de pior, e não o de melhor, em você.

3. Controle seus impulsos! Lembre-se: você pode medir a grandeza de uma pessoa por aquilo que a deixa irritada.

4. Ouça em primeiro lugar! Dê ao outro a oportunidade de falar. Deixe-os terminar o que têm a dizer. Não resista, não se defenda nem debata antes. Essa atitude apenas levanta barreiras. Procure construir pontes que conduzam à compreensão. Não erga barreiras altas de desentendimento.

5. Procure áreas de concordância! Depois de ter ouvido o que o outro têm a dizer, primeiro reflita sobre os pontos e as áreas com os quais você concorda.

6. Seja honesto! Procure áreas nas quais poderá admitir que errou e assuma. Peça desculpas por seus erros. Essa atitude ajudará a desarmar o outro e reduzir suas defesas.

7. Prometa que pensará sobre as ideias do outro e as estude cuidadosamente! E seja sincero. Outras pessoas podem estar certas. Nesse estágio é bastante fácil concordar em pensar sobre os pontos colocados por eles, mais fácil do que adiantar-se apressadamente e colocar-se numa situação que propiciará aos seus oponentes dizerem: “Tentamos dizer-lhe isso, mas você não nos quis ouvir”.

8. Agradeça sinceramente pelo interesse que eles demonstram! A pessoa que discorda de você está interessada nas mesmas questões que você. Pense nela como uma pessoa que realmente quer ajudá-lo.

9. Adie a ação para dar tempo a ambas as partes de repensar o problema! Sugira que se realize um novo encontro mais tarde no dia, ou no dia seguinte, quando então todos os fatos poderão ser levantados para sustentar as opiniões. Ao preparar-se para esse encontro, faça a você mesmo algumas perguntas decisivas: Ele(a) pode estar certo? Ou parcialmente certo? Existe alguma verdade ou valor na posição ou no argumento que adotam? Minha reação é adequada para resolver o problema ou apenas resultará em frustração? Minha reação fará recuarem ou se aproximarem de mim? Minha reação ajudará a aumentar a estima que as pessoas têm por mim? Que preço pagarei, caso venha a ganhar? Se eu descansar em relação a isso, a divergência desaparecerá? Será essa situação difícil uma ocasião favorável para mim?

E por fim, quando você discute, inflama-se e se contradiz, você pode, algumas vezes, conseguir uma vitória; mas será uma vitória sem proveito, porque nunca contará com a boa vontade do outro. Até porque, não se trata de ganhar ou perder, trata-se de tornar-se um Ser Humano com percepção consciente de si e de tudo que está a sua volta.

Fontes:
Carnegie, Dale. Como fazer amigos e influenciar pessoas (Coleção Dale Carnegie). Companhia Editora Nacional. 2015.
Bits and Pieces, publicação da Economic Press, Fairfield, N. J.