Nossas percepções e o poder da expectativa

Nosso cérebro é uma máquina de construir realidades.

Nosso cérebro é uma máquina de construir realidades. Ele recebe o vasto oceano de informações que inunda os seus sentidos se o transforma num mundo interior altamente subjetivo. Esse mundo interior possui algumas coisas em comum com a realidade exterior, mas muito menos do que você imagina. Ele é gerenciado por um sistema de processamento que assume rapidamente conclusões precipitadas, ignora seus erros e é facilmente enganado. Esse sistema de processamento vê aquilo que espera ver, escuta aquilo que espera ouvir e, petulantemente recusa-se a ser corrigido mesmo na mais simples questão. Você pode gostar ou não desse mundo. Porém, nunca terá uma chance de sair de dentro de sua cabeça e ter uma visão mais clara do que realmente está acontecendo lá fora...

Podemos dividir o processamento de informações do cérebro em duas categorias bem delineadas: Consciente (aquilo que você sabe que vê e ouve) e Subconsciente (aquilo com que o cérebro lida automaticamente, nos bastidores). Nós não percebemos conscientemente os sinais do ouvido interno que lhe garantem permanecer equilibrado enquanto conduz uma negociação complexa com um cliente, mas percebe muito bem quando não está conseguindo chegar ao fechamento da negociação. Fatos básicos da percepção sobre os quais nem se dá conta, como ver, ouvir e toca, são na verdade realizados por camadas e camadas de pré-processamento automático do cérebro. Em essência, o cérebro espera que o mundo se comporte de certa maneira e, sutilmente molda sua percepção de acordo com essas tendências.

Mas essa história não se restringe apenas a um sentindo. A visão é obviamente mais afetada, mas esses efeitos são igualmente aparentes com audição, o tato, o paladar e outras combinações mais complexas. Essas suposições automáticas acontecem nos níveis mais inferiores do cérebro (por exemplo, através de neurônios especializados que lidam com fenômenos óticos particulares) e nos mais superiores (como nas dobras do córtex cerebral, onde o raciocínio profundo acontece).


O poder da expectativa: Julgamentos pré-gravados em nossa mente não são limitados à visão. Nossas suposições podem nos cegar para certos fatos e nos atrair para conjecturas involuntárias em praticamente todas as maneiras pelas quais percebemos o mundo. Segue alguns exemplos:
- Sabores chocantes: se você alguma vez já confundiu um copo de guaraná com um copo de cerveja, já sentiu o poder da expectativa. Existe um momento de choque palpável quando uma nova sensação desafia a expectativa do cérebro e um momento de pausa breve de o cérebro entender o que realmente está experimentando.
- Tamanhos e pesos: muitos estudos mostram que as pessoas confundem tamanho com peso e deixam sua avaliação visual do tamanho influenciar em sua impressão de peso. Uma das maneiras mais simples de observar esse fenômeno é obter recipientes de diferentes tamanhos (como um saco de dormir, uma pasta executiva e uma grande mala) e preenche-los com materiais de mesmo peso. Se você perguntar a alguém qual é o mais leve, eles inevitavelmente escolherão o menor objeto. Isso acontece porque o menor desafia a expectativa do cérebro, que diz que “pequenas coisas são leves”, dessa maneira causando uma impressão diferente da realidade.
- Embalagens: em muitos estudos, o relato de pessoas sobre o quanto elas gostam de certos alimentos (e quanto elas estão dispostas a gastar com eles) depende tanto da embalagem e da marca estampada quanto da comida em si.

Estes exemplos nos lembram que a percepção não reside nos olhos, nos ouvidos ou em outro órgão sensorial – ela existe no cérebro.


DICA BÔNUS
Mantendo o foco: Focar numa tarefa do tipo continua de trabalho é uma batalha épica entre as partes do cérebro, que estão constantemente em alerta e esperando por pistas que indiquem perigo, e as partes conscientes, que apenas querem terminar o trabalho para que você possa ir logo tomar um café, ou ir para o intervalo. Portanto, o que você pode fazer para ganhar a guerra e manter sua atenção naquilo que você quer? Primeiro, reconheça que você não pode mudar tudo a sua volta. Estudos mostram que é impossível para o cérebro desligar as distrações somente com pura força de vontade. Em outras palavras, se é dada a alguém uma tarefa e feito o pedido para ignorar tudo o que não esteja relacionado a ela, essa pessoa simplesmente não conseguirá fazer isso. Por exemplo, experimentos mostram que quando você trabalha com um monitor de computador eu possui um fundo de estrelas que se move lentamente, a parte do cérebro que processa movimento se mantém ativa. Ou se forem mostrados rostos de pessoas famosas enquanto você resolve um problema envolvendo palavras, a região do cérebro que reconhece rostos acenderá como uma árvore de Natal. O mesmo acontece quando sons irrelevantes invadem seus sentidos – seja um telefone que toca ou um colega gritando – tudo é processado. Isso é um irritante inconveniente, mas faz todo o sentido. Com isso em mente, aqui vão algumas dicas para manter seu cérebro focado numa tarefa:
- Não tente lutar contra distrações: elimine-as. Coloque o celular no silencioso, desligue o rádio, feche a porta de sua sala. Se você insistir em fazer seus relatórios com alguma distração a sua volta. Conte com a remota possibilidade de ter que refazê-lo em algum momento.
- Faça tarefas monótonas serem um pouco mais difíceis. Estudos mostram que o cérebro começa a ignorar informações supérfluas quando está batalhando com um desafio. Obviamente, esse conselho só se aplica a certas tarefas chatas. Por exemplo, se você tiver que digitar uma longa lista de nomes no computador, poderá manter o foco se estiver correndo contra o relógio, desafiando-se a colocar mais nomes de cada vez ou jogando um arriscado jogo de rima com o nome do meio de cada pessoa.
- Resista às distrações que você pode controlar. Apesar de o processamento automático do cérebro acarretar certo grau de satisfação, estudos sugerem que quase metade das distrações que nos tiram do trilho numa tarefa tediosa seja gerada por nós mesmos. Exemplos incluem petiscar insistentemente e ficar navegando na internet.
- Não se preocupe com o barulho de fundo. Você deve ser capaz de ignorar conversas banais e o barulho do ventilador e da digitação do teclado por meio de um processo conhecido como adaptação. Essencialmente o cérebro se ajusta a um estimulo constante, reconhecendo que provavelmente não que ameaça imediata.